quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O mar está para peixe Livro ilustrado cataloga 185 espécies marinhas da região sudeste-sul do Brasil

O mar está para peixe
Livro ilustrado cataloga 185 espécies marinhas da região sudeste-sul do Brasil

Quantas espécies de peixes existem no fundo do mar? Nem com toda a imaginação seria possível calcular essa diversidade: é preciso catalogá-los. Com esse objetivo, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) engajados no projeto Revizee (Programa de avaliação do potencial sustentável de recursos vivos da zona econômica exclusiva) colocaram mãos à obra -- ou melhor, 'redes à água' -- e catalogaram a ictiofauna oceânica brasileira da região sudeste-sul (do Cabo de São Tomé ao Arroio Chuí).

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O Cookeolus japonicus, da família Priacanthidae, atinge 60 cm de comprimento e vive de 60 a 400 m de profundidade. Come principalmente caranguejos pelágicos.

Informações biológicas e de distribuição geográfica das 185 espécies coletadas em 133 lances de pesca estão no livro Peixes da zona econômica exclusiva da região Sudeste-Sul do Brasil. Ao longo de 220 dias no mar, os cruzeiros realizados pelos pesquisadores cobriram uma faixa de cerca de 15.000 milhas náuticas ao largo da plataforma continental, a uma distância de entre 100 e 200 km da costa.

Nessa região, vivem peixes adaptados a um ambiente muito diferente do costeiro. As espécies retratadas na publicação vivem entre 100 e 1500 metros de profundidade, são de pequeno tamanho, com adaptações morfológicas e fisiológicas complexas e pitorescas -- confira nas fotos abaixo -- , ciclo de vida curto e grande biomassa.

Sua importância não está na pesca, mas no elo que constituem entre os componentes iniciais e finais da cadeia alimentar de mar aberto: elas servem de alimento para peixes de grande valor comercial, como atuns. A identificação desses espécimes é indispensável para a elaboração de estratégias de conservação e uso sustentável do ecossistema marinho de profundidade.

Para saber mais sobre algumas das espécies coletadas e ampliar as fotos, clique nas imagens abaixo.

S. pachygaster
O Sphoeroides pachygaster, da família Tetraodontidae, alcança 26 cm de comprimento. Em geral, é encontrado entre 100 e 200 m de profundidade. No Sudeste do Brasil, foi capturado entre 50 e 145 m. Distribui-se pelas águas tropicais e subtropicais de todos os oceanos; no Atlântico ocidental, de New Jersey (EUA) até a Argentina. Foram coletados 38 exemplares.

C. spinosus
O Cyclichthys spinosus, da família Diodontidae, atinge 25 cm de comprimento e ocorre desde a costa até 190 m de profundidade. Distribui-se pelo Atlântico Sul ocidental, da Bahia até a Argentina. Foram coletados 17 exemplares.

A. aculeatus
O Argyropelecus aculeatus, da família Sternoptychidae, ultrapassa 70 mm de comprimento padrão. Trata-se de uma espécie mesopelágica, que se mantém entre 300 e 600 m de profundidade durante o dia, e migra à noite para a faixa de 100 a 300 m. Seu alimento principal é constituído por ostrácodos, mas também se alimenta de copépodos, larvas de decápodos e larvas de peixes. Distribui-se pelas águas tropicais e temperadas de todos os oceanos. Foram coletados 15 exemplares da espécie.

M. scolopax
O Macroramphosus scolopax, da família Macroramphosidae, alcança 20 cm de comprimento. Os jovens de até 10 cm de comprimento são pelágicos e vivem em águas oceânicas. Os adultos vivem junto ao fundo, entre 50 e 350 m de profundidade. Alimentam-se de zooplâncton e invertebrados bentônicos. Distribuem-se pelas águas tropicais e subtropicais de todos os oceanos; na costa leste americana, do Golfo do Maine (EUA) até a Argentina. Foi coletado apenas um exemplar.

F. petimba
O peixe Fistularia petimba, da família Fistulariidae, cresce até pelo menos 1,8 m de comprimento. Em arrastos de fundo no sul do Brasil, foi capturado entre 18 e 57 m de profundidade. Trata-se de uma espécie conhecida no Atlântico, no Índico e no oeste do Pacífico. No Atlântico ocidental ocorre de Massachusetts (EUA) até o sul do Brasil. Foram coletados 16 espécimes.

S. hispidus
O Stephanolepis hispidus, da família Monacanthidae, ultrapassa 27 cm de comprimento. Trata-se de uma espécie costeira, coletada no Sudeste do Brasil em até 72 m de profundidade. Distribui-se pelo Atlântico; na costa americana, da Nova Scotia (Canadá) ao Uruguai. Foram coletados dez espécimes.

I. atlanticus
O Idiacanthus atlanticus, da família Idiacanthidae, alcança 43 cm de comprimento. Apresenta dimorfismo sexual acentuado. As fêmeas são de cor negra, com dentes muito desenvolvidos, em forma de presas; apresentam barbilhão mental e nadadeiras pélvicas, com seis raios. Os machos são de cor marrom escura; não apresentam dentes nas maxilas, barbilhão mental nem nadadeiras pélvicas. Trata-se de uma espécie circunglobal, que ocorre entre 26o S e a Convergência Subtropical. Foram coletados 29 espécimes.

D. atlanticus
O Dibranchus atlanticus, da família Ogcocephalidae, atinge 15 cm de comprimento e habita de preferência a região do talude, entre 180 e 910 m de profundidade. Distribui-se pelo Atlântico; na costa americana, de Rhode Island (EUA) até o sul do Brasil. Foram coletados cinco exemplares da espécie.

O. notius
O Oneirodes notius, da família Oneirodidae, vive em águas subantárticas, de 700 a 2000 m de profundidade. Quando larva, é uma espécie epipelágica; jovens e adultos são meso ou batipelágicos. Ocorre nos setores correspondentes ao Atlântico e Pacífico do oceano Antártico. Foi coletado apenas um exemplar da espécie, com 30 mm de comprimento padrão.


Peixes da zona econômica exclusiva da região Sudeste-
Sul do Brasil: levantamento com rede de meia água

José L. de Figueiredo, Andressa P. dos Santos, Norioshi Yamaguti,
Roberto A. Bernardes, Carmen L. Del Bianco Rossi-Wongtschowski
São Paulo, 2003, Edusp / Imprensa Oficial
248 páginas; R$ 68

Elisa Martins
Ciência Hoje on-line
06/02/03

fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/2585

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