sexta-feira, 13 de março de 2009

Tucunaré-azul


Por: Armando Urenha Jr. Foto/Ilustração: Lester Scalon

Nome: Tucunaré-azul Nome científico: Cichla orinocensis

Água doce


Família: Cichlidae

Características: O tucunaré é um peixe de escamas que faz parte de um dos maiores grupos de peixes de água doce do mundo. Só para ter uma idéia, na América do Sul, a família cichlidae conta com cerca de 290 espécies, o que representa cerca de 6 a 10 % da ictiofauna de água doce deste continente. No Brasil, existem pelo menos 12 espécies de tucunarés, sendo cinco descritas. O colorido, a forma e o número de manchas variam bastante de espécie para espécie; porém, todos os tucunarés apresentam uma mancha redonda, chamada de ocelo, no pedúnculo caudal. O tucunaré-azul atinge peso superior a cinco quilos e seu comprimento pode ultrapassar os 80 cm; tem o corpo um pouco comprimido, alto e alongado e cabeça e boca grandes. Na primeira parte da nadadeira dorsal, espinhosa, existe uma progressão em comprimento até o quinto espinho; depois ocorre um decréscimo até atingir o bordo da dorsal ramosa. Essa região atinge tamanho maior em altura que a parte espinhosa. Pode ser identificada pela presença de três ou mais espinhos duros na porção anterior da nadadeira anal e linha lateral, que é completa nos peixes jovens e geralmente interrompida nos adultos, formando dois ramos.

Hábitos: Possui um hábito alimentar que varia ao longo de sua vida. Nos primeiros 30 dias de vida, as larvas se alimentam de plâncton. A partir do segundo mês, começam a ingerir larvas de insetos. Quando os alevinos chegam ao terceiro mês, já se alimentam de pequenos peixinhos e camarões. A partir do quinto ou sexto mês, se alimentam exclusivamente de peixes vivos. Essencialmente carnívoro, apenas animais vivos fazem parte de sua dieta: vermes, insetos, pitus, peixinhos, pequenos animais, minhocas, larvas de mosquitos e moscas, rãs, entre outros. Costuma ser insistente ao perseguir sua presa, parando apenas quando consegue capturá-las, ao contrário de outros predadores que desistem após a primeira ou segunda tentativa malsucedida. A espécie é territorialista, defendendo um certo espaço onde se alimenta e se reproduz. São evolutivamente avançados, com padrões comportamentais muito complexos. Ovíparos, na época da desova, os tucunarés-azuis se acasalam e é comum que os machos apresentem uma protuberância de cor vermelha ou mais escura entre a cabeça e a nadadeira dorsal, semelhante ao cupim de um touro. Essa saliência, que desaparece logo após a fêmea desovar, é pouco perceptível no princípio e vai se avolumando até atingir a altura de um quarto do comprimento da cabeça. Cada fêmea pode ovular duas ou mais vezes durante o período de reprodução, sendo que pouco antes da desova, o casal procura uma superfície dura e resistente, como pedras. Depois de limpa a superfície, a fêmea coloca os ovos, que imediatamente são fecundados. A eclosão ocorre de três a quatro dias depois. Ovos e filhotes em fase inicial de desenvolvimento podem ser guardados na boca dos pais, que podem passar vários dias sem se alimentar

Curiosidades: Na língua indígena, tucunaré significa “olho na cauda”; seu nome tem origem, portanto, no ocelo presente no pedúnculo caudal. Antes do acasalamento, o macho costuma limpar cuidadosamente o local escolhido para a desova, com o auxílio da boca e de suas nadadeiras. Quando as larvas nascem, os pais possuem cuidados parentais, fazendo ninhos e cuidando dos filhotes, comportamento incomum entre outras espécies.

Onde Encontrar: O tucunaré-azul é uma espécie sedentária, que não realiza migrações, e vive em lagos, lagoas e na boca e beira dos rios. Durante a cheia, é comum encontrá-los na mata inundada. Originário das Bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins, foi introduzido nos reservatórios da Bacia do Prata, em algumas áreas do Pantanal, no Rio São Francisco e nos açudes do Nordeste. Prefere águas mais quentes, com temperaturas entre 24 a 28 graus, mais claras, até águas amareladas, ricas em material orgânico, mas rejeitam águas avermelhadas ou excessivamente turvas. Os exemplares se concentram em locais onde pode se esconder da presa, tais como galhadas, troncos, vegetação e pedreiras. Muitas vezes buscam águas mais oxigenadas próximas a pedras e locais abertos com passagem de água corrente. Uma das características marcantes do peixe é a de habitar estruturas diferentes de acordo com a época do ano, dificultando a sua prospecção. No sudeste, onde foi introduzido, de acordo com as características da represa, tem hábitos peculiares, além de crescimento variável conforme a represa e comportamento definido em função da temperatura e nível da água. São peixes diurnos e o tamanho mínimo liberado para sua captura é de 35 cm.

Dicas para pescá-lo: Em torneios ou dias em que o peixe está mais manhoso, trabalhar a isca mais rápido pode render bons resultados porque força o peixe a tomar uma decisão instintiva: atacar o plug para garantir a refeição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário