Eles ficaram doze dias perdidos na mata.
Os dias de angustia passaram, agora é tempo de tentar apagar da memória os dias difíceis que ficaram para trás.
A viagem planejada, o lazer, a espera do aposentado e do empresário ambos de Brasília, transformaram-se em dias de terror.
Desde dezembro, os brasilienses planejavam a pescaria. Mas só neste mês entraram em contato com o experiente guia de turismo Moacir Macedo, que atua na área há 22 anos, morador da cidade de Espigão do Oeste, idealizaram juntos uma pescaria num rio famoso por ser um bom lugar para prática de pesca esportiva.
O Rio Tenente Marques que fica localizado entre os estados de Mato Grosso e Rondônia pode ser acessado por Vilhena, indo pela estrada de Juína.
Segundo Moacir, ele já havia alertado para os turistas que a gasolina era pouco, mas os turistas quiseram seguir mais adiante e então se perderam. Ficaram fatalmente sem combustível para o barco, obrigando-os a parar e esperar por resgate, uma ajuda que estava longe de chegar.
Moacir, cansado de esperar, foi em busca de ajuda, a pé se aventurou na mata sozinho. Disse a seus companheiros que em três dias retornaria, mas isso não aconteceu. Moacir também se perdeu, e ficou sete dias perdido sem comida, descalço, porque sua botina havia descolado por conta da umidade, todo rasgado e com muita fome tomando apenas água, correndo o perigo de ser atacado por algum animal selvagem. Enfim, no dia 26 de julho de 2011, encontrou ajuda e o corpo de Bombeiros de Vilhena foi acionado, dando início à operação de resgate dos brasiliense perdidos .
Ao chegarem no local onde Moacir havia deixado seus companheiros, o desespero, eles não estavam mais lá, só deixaram um bilhete no barco dizendo que eles haviam ido procurar ajuda.
Mas os dois também se perderam na mata, deixando para trás o barco e a comida. Levaram o gás, a barraca e pouquíssima comida, mas o gás acabou o isqueiro não acendia, e a barraca foi consumida pelas formigas. Os dois andaram, sem saber, em círculos não conseguindo sair do lugar. O desespero tomou conta.
“Houve um momento em que eu não via, mas o céu, era só árvore”, disse um dos aventureiros.
O lazer virou sofrimento, o que era para ser prazeroso se tornou infernal, eles gritaram por ajuda mas não os ouviam, não vinha ninguém além dos bichos das árvores e Deus, o senhor supremo que eles mencionam o tempo todo foi Deus. “Foi Deus quem guiou os bombeiros e nos encontrou”, contam eles
O ouvido afiado dos bombeiros de Vilhena, treinados para esse tipo de resgate, os levou até onde estavam os brasilienses. Alívio, emoção misturada com a fome e o corpo cansado e exausto, os três perderam doze quilos cada um.
O drama terminou ontem, terça-feira, 26, ao meio-dia, eles foram encontrados a aproximadamente 600 metros da Margem do Rio Tenente Marques, que corta o parque indígena do Aripunã. Chegaram em Vilhena às 19h00, estão sendo tratados com soro e tomaram vacinas contra vários tipos de vírus.
O telefone deles não para de tocar, é a família ansiosa por notícias de seus entes queridos.
Assim que receberem alta, irão embarcar no primeiro avião rumo à Brasília, e pescaria? “Pescaria nunca mais, nem em piscina”, contaram eles sorrindo.
Se despediram e agradeceram a Deus e aos bombeiros de Vilhena e ao Hospital Regional.
“À nível de Brasil o atendimento está excelente, fomos muito bem tratados”, agradeceu um dos brasilienses.
fonte: http://www.rondoniadinamica.com