"Saí para a pesca, como fazia habitualmente todos os sábados e também uma vez durante a semana. Era dia 29 de fevereiro de 1992, sábado de Carnaval, saí para a pesca com destino final chegar em Guarapari, onde passaria o Carnaval”.
Sempre quando eu saía para a prática deste esporte náutico eu dizia: - “Um dia ainda vou pegar o maior peixe do mundo".
Fui para esta pescaria com uma lancha Mares 30 pés de minha propriedade, a Duda Mares. Esta lancha estava bem equipada e eu utilizei materiais qualificados e em preparados para a pesca de grandes peixes, como é o Marlin Azul.
Levei em minha companhia o amigo Luis Felipe Bumachar. Navegamos cerca de 30 milhas e por volta de 11:00 horas senti que um peixe havia entrado na linha. Pela violência do barulho que fez na carretilha, observei que o peixe era grande. Neste momento, comecei um grande batalha, pois vi o fim da linha na carretilha e por pouco não desisti, sendo animado pelos companheiros de pescaria. Nesta ocasião minha lancha era desprovida de "cadeira" própria para pesca, que dá maior segurança e estabilidade ao pescador.
Na ânsia de continuar lutando com o peixe, foi improvisado um igloo para apoiar a vara. Por cerca de 1h30min fiquei nesta longa briga, usei de toda técnica e de toda força possível quando até tive minhas roupas descosturadas quando finalmente o peixe foi capturado. Surgiu outro problema, como embarcar o peixe se o mesmo não entrava na porta traseira? Diante dessa situação, tomei a decisão de trazê-lo rebocado, somente apoiando o bico e a cabeça na porta de entrada. Após navegarmos 4:00horas chegamos ao píer do Iate Clube do Espírito Santo. Lá foram preciso 28 homens para tirá-lo da água. Somente neste momento é que constatei o tamanho real do peixe. Eu achava que havia fisgado um peixe de 400kg Na balança tive a feliz confirmação de 636Kg. O peixe foi vistoriado pelo representante da IGFA - em Vitória - Sr. Otacílio Coser Filho, que constatou ser mesmo um Marlin Azul de grande porte, com as seguintes medidas: 4,62m de comprimento e 2,48 de diâmetro. Após as providências de praxe, por total impossibilidade do mesmo ser guardado em frigorífico...
Pelo seu tamanho foi decidido que seria separado em partes para serem doadas para entidades filantrópicas. Foram preservados o bico, a cauda e as barbatanas que foram enviadas aos Estados Unidos, para confecção de uma réplica. Hoje está em exposição no salão de festas do Iate Clube do Espírito Santo, em Vitória.
Durante o ano de 1992, de março a novembro, outra tarefa árdua foi desempenhada. Foi o processo de reconhecimento do recorde. Pois pelas normas estabelecidas pela IGFA - Internacional Game Fish Association - há necessidade de um rigoroso relatório com detalhamento exato do ocorrido, com provas materiais como além dos testemunhos escritos dos companheiros de pesca e das pessoas que acompanharam todo o desenrolar dos fatos. Foram enviados os materiais utilizados como vara, isca, linha, que passaram por testes de resistência. Foi exigido até o aferimento da balança que pesou o peixe. Finalmente em novembro tivemos a felicidade de dar este título ao Brasil, título este tão almejado pelo mundo inteiro, oportunizando Vitória ser chamada "capital Mundial do Marlin”.
Mais um título mundial para o Brasil!
Palavra do escritor: "ufa... que luta”.
Obs: Reportagem organizada pelo meu saudoso filho Paulo Eduardo, quando tive a oportunidade de relatar para ele há algum tempo atrás, detalhes da captura do MARLIN AZUL de 636 KG.
Paulo Amorim ERA UM PESCADOR DE VERDADE
Paulo Amorim faleceu às 11h30m, do dia 25 de dezembro de 2006. Ele havia se acidentado no quilômetro 21 da rodovia do Sol, no bairro Interlagos, em Vila Velha, às 19h30m do dia 17 de outubro de 2006 e ficou 67 dias em coma no hospital Santa Rita de Cássia, no bairro Eucalipto, em Vitória. No dia seguinte, Paulo Amorim foi enterrado no Cemitério Parque da Paz, na Ponta da fruta, em Vila Velha.
Em todos os campeonatos que se realizam no Brasil e no mundo, a expectativa é quem conseguirá superar a "estrela-do-mar" capixaba. No recorde anterior ao de Amorim, que aconteceu na ilha de St. Thomas, arquipélago das Ilhas Virgens, o marlim pesava 582 quilos. Foram 18 anos para o recorde ser quebrado pelo Paulo Amorim.
"Ele quer que [o recorde] seja de um brasileiro. Mas ele é concorrente dele mesmo", afirmou a mulher do recordista do marlim azul, Carmem Lucia Amorim, em uma entrevista ao jornal A Folha de São Paulo, em 27/10/2003.
Paulo Amorim morreu e levou com ele um recorde de quase 15 anos, que poderá se eternizar.
fonte: http://www.rotacapixaba.com
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