Uma nova estratégia para evitar a captura por linhas de pesca de aves marinhas ameaçadas de extinção, especialmente albatrozes, será testada entre os dias 27 e 30 de maio. Agora, pesquisadores do Projeto Albatroz e do Albatross Task Force (ATF) experimentarão o uso de um aparelho chamado hook pod, que envolve e esconde o anzol, impedindo que a ave seja “fisgada” e, conseqüentemente, morra afogada ao ficar presa ao anzol na tentativa de comer a isca. Os testes serão realizados com cinquenta modelos do dispositivo em um barco de pesca que parte de Itajaí (SC) nesta sexta, dia 27.
O aparelho foi desenvolvido por pesquisadores do BirdLife’s Global Seabird Programme, que realiza ações de conservação em aproximadamente cem países e do qual faz parte o Programa Albatross Task Force (ATF), parceiro do Projeto Albatroz. O dispositivo “encapsula” o anzol até dez metros de profundidade. Como é sensível à pressão verificada nesse nível, o aparelho desarma e libera o anzol com a isca. Ele também embute um peso que deve ser preso à linha de pesca para que ela afunde. De acordo com Tatiana Neves, coordenadora do Projeto Albatroz, os testes com o aparelho consistirão em experimentar o seu uso junto aos pescadores, medindo aspectos como o desempenho em sua utilização durante a atividade de pesca.
Os albatrozes são aves marinhas ameaçadas de extinção. O declínio de sua população é causado pela captura incidental pelo espinhel pelágico, uma técnica de pesca industrial executada em alto-mar. Pesquisas do Projeto Albatroz apontam que noventa aves são capturadas a cada cem mil anzóis. O Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (Planacap), lançado em 2006 pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), estabelece essa captura a níveis mínimos, iguais ou inferiores a 0,001 ave capturada por mil anzóis (ou uma ave capturada a cada um milhão de anzóis lançados na água).
Duas medidas de mitigação para reduzir a captura das aves já estão em vigor no Brasil. Em abril, foi publicada uma Instrução Normativa Interministerial (INI n° 04/11), assinada pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Pesca e Aqüicultura, determinando que os barcos de pesca que utilizam espinhel pelágico devem adotar o toriline – equipamento formado, entre outros elementos, por fitas coloridas que afugentam as aves – e colocar o peso que afunda as linhas mais próximo dos anzóis, ação que aumenta a sua velocidade da submersão. A instrução normativa vale para os barcos que operam em águas sob jurisdição brasileira ao sul de 20º de latitude (ou aproximadamente a partir do sul da cidade de Vitória). Sua elaboração foi subsidiada por pesquisas realizadas pelo Projeto Albatroz em 2010.
Medidas que reduzam a captura dessas aves pelos barcos que utilizam espinhel pelágico são recomendadas pela Comissão para Conservação do Atum do Atlântico (cuja sigla em inglês é ICCAT), órgão que determina, por exemplo, qual a cota de peixes que cada país membro, entre eles o Brasil, pode pescar sem comprometer os estoques pesqueiros.