segunda-feira, 2 de março de 2009

Os peixes podem desaparecer nos próximos 40 anos?


Foto cedida pelo Departamento de Pesca e Vida Selvagem de Washington
O salmão vermelho pode estar fora do cardápio dentro de nossa expectativa de vida
por Julia Layton - traduzido por HowStuffWorks Brasil

Um estudo publicado no jornal Science fez uma previsão sombria para a vida oceânica do mundo. De acordo com pesquisadores, não haverá frutos do mar para pesca em 2048, a não ser águas-vivas. Felizmente, eles dizem que as águas-vivas têm o mesmo conteúdo nutricional que o camarão, que é muito bom.

Você não pode alegar que todas as espécies de peixe entrarão em colapso - "colapso" com o significado de que as espécies sejam reduzidas a 10% de seus números conhecidos mais altos - em 2048, sem fazer muitas pessoas erguerem uma sobrancelha. Como isso pode acontecer? Nossos supermercados estão abarrotados de bacalhau, salmão, camarão e atum, além de muitas outras grandes e escorregadias iguarias subaquáticas. Os restaurantes de sushi estão se multiplicando exponencialmente.

Os autores do estudo podem dizer que é parte do problema. De modo geral, o que eles vêem como a iminente erradicação da vida marítima seria o resultado da falta de diversidade em ecossistemas oceânicos derivada da pesca excessiva de determinados tipos de peixes.

Para chegar à conclusão de que não haverá mais peixe em 2048, os cientistas pesquisaram várias fontes de dados, incluindo os dados globais de pesca da Organização de Alimentos e Agricultura das Nações Unidas, os dados de pesca de todos os 64 mais importantes ecossistemas marinhos globais entre 1950 e 2003, resultados de estudos individuais de áreas marinhas por cientistas locais - incluindo um estudo da Baía de São Francisco e seus rios adjacentes - e dados de 48 áreas marinhas protegidas por medidas de conservação. O que eles descobriram não é agradável. No caso da Baía de São Francisco e seus rios adjacentes, como informado em um artigo do San Francisco Chronicle em 2 de novembro, os cientistas investigaram dados da população dos últimos mil anos e descobriram que " mais de 90% das espécies originais que habitam as águas perderam no mínimo metade de suas populações". Além disso, 30% dessas espécies entraram em colapso em um ponto, mas recentemente voltaram a números mais seguros. Parece que, com a perda de até mesmo poucas espécies, o resto do ambiente marinho se degrada mais rapidamente. A diversidade parece desempenhar um papel essencial em manter os ecossistemas marinhos vivos.

A pesquisa aponta várias práticas que contribuem para o estado vulnerável de ecossistemas marinhos em todo o mundo. A pesca excessiva e práticas de pesca destrutivas como o arrastão, onde os pescadores arrastam uma rede pesada ao longo do leito do mar e simplesmente apanham tudo o que há lá embaixo, mesmo que não possam vender, exaurem algumas espécies até o ponto de colapso. Quando certas espécies não desempenham mais sua função no ecossistema, o desequilíbrio torna-o mais suscetível a prejuízos, por exemplo, na forma de um crescimento excessivo de vida tóxica como florescências de algas que exaurem o conteúdo de oxigênio na água. Esse esgotamento do conteúdo de oxigênio diminui a probabilidade de outras espécies de peixe prosperarem. E, obviamente, também a poluição e a alteração climática desempenham um papel na falta de diversidade marinha.

Os críticos do estudo apontam várias falhas que põem em dúvida a estimativa de 40 anos para a ruína da pescaria. Primeiro, eles dizem que nenhum dos dados no estudo refletem um relacionamento direto de causa e efeito. Tudo é baseado no traçado de correlações entre tendências registradas em coleções separadas de dados. Também observam que os dados de pesca das Nações Unidas são considerados por muitos especialistas como não-confiáveis, pois alguns países empregam métodos questionáveis de informar seus números de pesca. Ainda, outras organizações, incluindo a NOAA, viram tendências opostas nas populações marinhas. De acordo com no mínimo um cientista da NOAA, a diversidade em várias populações marinhas nos Estados Unidos está crescendo. Finalmente, os céticos apontam que as descobertas do estudo não levam em conta as medidas de proteção já em vigor para conservar a biodiversidade oceânica e evitar o colapso das espécies. Embora a interpretação dos dados do estudo a partir de ambientes protegidos mostre que os métodos de conservação estão funcionando, o estudo parece desconsiderá-los na previsão de ausência de peixes em 2048.

Mesmo que o atalho para a falta de peixes não seja preciso, a conclusão do estudo de que cerca de 30% das espécies de peixes já em colapso devido à pesca excessiva é, no mínimo, um sinal de advertência.

Para evitar o fim da vida marinha como a conhecemos, o estudo sugere que o mundo aja rapidamente - em duas décadas, eles dizem, os danos terão avançado demais para serem desfeitos. Os especialistas defendem a criação de leis de proteção globais e o aumento das iniciativas atuais de conservação enquanto a vida oceânica ainda é diversificada o suficiente para que os ecossistemas se recuperem.

fonte: http://ciencia.hsw.uol.com.br/sem-peixe.htm

Matéria enviada pelo Colaborador . Oswaldo Neves. Suzano-SP

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