quarta-feira, 26 de maio de 2010

Belo Horizonte ganhou o maior aquário de água doce do Brasil


Belo Horizonte ganhou na sexta-feira, dia 5, o maior aquário de água doce do Brasil. A Prefeitura, por meio da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte (FZB-BH), inaugurou o Aquário da Prefeitura – Bacia do Rio São Francisco. O aquário tem aproximadamente 3 mil metros quadrados e é o primeiro a retratar exclusivamente a vida na Bacia do São Francisco. A obra, que custou cerca de R$ 5,5 milhões, passa a ser mais uma grande atração da capital mineira, oferecendo estudos sobre biologia, criação e manutenção de peixes em cativeiro. O aquário fica no Jardim Zoológico (avenida Otacílio Negrão de Lima, 8.000, Pampulha).
O prefeito Marcio Lacerda e sua mulher, Regina Lacerda, o vice-prefeito Roberto Carvalho, o presidente da FZB-BH, Evandro Xavier, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Roberto Messias, o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, o prefeito de Pirapora, Warmillon Braga, secretários municipais e outras autoridades participaram da solenidade de inauguração.
Marcio destacou que a inauguração do aquário é especial para a cidade, que ganha mais um espaço para lazer, entretenimento e principalmente, para a difusão do conhecimento e defesa da preservação ambiental. “A inauguração deste aquário tem vários significados importantes e o principal deles é a oportunidade das pessoas verem de perto a fauna do rio São Francisco em um contexto sócio ambiental que vai ajudar a aumentar a consciência ecológica”, disse. Para o prefeito, o aquário também será uma referência turística na cidade. “É um privilégio ter uma atração como esta, que vai encantar turistas de todo o país e servirá também como referência de pesquisa e educação ambiental”, afirmou.
Segundo Evandro Xavier, a inauguração é importante especialmente pelo fato de o aquário representar uma parte do rio São Francisco a ser protegido e conhecido. “A concretização deste projeto é a realização de um sonho que somente foi possível graças ao empenho de muitas pessoas. Assim como esta obra uniu municípios, governos, organizações não governamentais e representantes do terceiro setor, o nosso desejo é que, com o aquário, possamos conseguir unir e integrar ações que busquem conservar e revitalizar o rio”, salientou.
Ao visitar o aquário, o público terá a oportunidade de conhecer diferentes espécies de peixes e obter informações sobre o “Velho Chico”. Entre os destaques da ictiofauna (conjunto de peixes de uma região ou ambiente) do rio São Francisco que poderão ser conhecidos e apreciados no novo espaço estão surubins, dourados, curimatãs, matrinxãs e vários outros.
Admiração
A funcionária pública Fátima Lopes elogiou todo o espaço. “É um presente ver a natureza unida à inteligência do homem ao criar esse aquário. A paisagem e a cenografia são lindas e aconselho que todos venham conhecer este novo local de lazer”, ressaltou. O estudante Frederico Azevedo se encantou com a novidade. “Eu não tinha nenhuma ideia de quais eram as espécies de peixe do rio São Francisco e, por isso, achei muito interessante poder vê-las de perto”, afirmou.
Resultado de uma parceria entre a Prefeitura e o Ministério do Meio Ambiente, as obras do aquário começaram em 2006, com a meta de promover a conservação da vida aquática do Velho Chico por meio de exibições dos ecossistemas e de sua interpretação, educação e pesquisa. Ao longo dos últimos três anos, outros parceiros adotaram esta ideia, como Cemig, Codevasf, Copasa, Epamig, Instituto Estadual de Florestas (IEF), Sesc, Prefeitura Municipal de Pirapora, Sociedade dos Amigos da Fundação Zoo-Botânica e Instituto Terra Brasilis.
O aquário em detalhes
• 1.200 peixes de 50 espécies
• 22 tanques nos dois pavimentos com 1 milhão de litros de água.
• Espécies como pirambeba, piau-três-pintas, mandi prata, cascudo e surubim.
• Aquário São Francisco, com capacidade para 450 mil litros de água, representando um “braço” do Velho Chico, com uma cenografia que apresenta tanto a margem quanto o fundo do rio.
• Auditório, espaços de exposição lúdicos, jardins, laboratório, lagoa marginal, lanchonete e lojinha.

Fauna da Bacia do Rio São Francisco no Zoológico
O Aquário da Prefeitura – Bacia do Rio São Francisco já está aberto à visitação pública e apresenta aos visitantes cerca de 1.200 peixes de 40 espécies, distribuídos em 22 “recintos” ou aquários.
Além de ser um espaço para a realização de estudos e pesquisas, o Aquário da Prefeitura configura-se como local para conhecimento de aspectos socioambientais e culturais das populações que ocupam as margens do Rio São Francisco. Desse modo, apresenta objetos característicos dessas comunidades, como carrancas, redes de pesca, âncora, canoas, peças de cerâmica, esculturas, uma réplica, em tamanho reduzido, do barco a vapor Benjamim Guimarães, entre outros. O auditório, com capacidade para cerca de 100 pessoas, é equipado com moderna aparelhagem audiovisual (telão, data show e som) que possibilita a apresentação de documentários sobre a Bacia do Rio São Francisco e a organização de eventos temáticos.
O Serviço de Educação Ambiental da Fundação Zoo-Botânica será responsável por desenvolver e aplicar estratégias educativas junto ao público visitante, para que todos possam ser conscientizados a respeito da utilização da água e na preservação de uma das principais bacias hidrográficas brasileiras. Placas e painéis informativos servirão de subsídio para programas e ações científico-educativas. Dessa forma, o público poderá conhecer e compreender e também participar de ações em defesa dos ecossistemas aquáticos.
Biodiversidade
Entre as espécies de peixes em exposição nos 22 recintos do Aquário da Prefeitura estão a pirambeba, o piau-três-pintas, o piau verdadeiro, o piau branco, o mandi prata, o mandi amarelo, a manjuba, a piaba rapadura, a piaba-do-rabo-vermelho, a piaba-do-rabo-amarelo, o cascudo, o surubim, o dourado e o matrinxã.
Para receber os peixes, foi realizada uma sofisticada ambientação com pedras, areia e cascalho, pedaços de madeira curtidos, além de plantas aquáticas. No Aquário São Francisco (Tanque Maior), a cenografia contou com peças moldadas em resina e em fibra de vidro, e pintadas com tinta especial. Assim, os visitantes têm a impressão de ver a estrutura de níveis que compõem um leito de rio, inclusive com sua gradação de cores e texturas. Segundo o biólogo Thiago da Motta Carvalho, os elementos de composição dos tanques foram distribuídos conforme a necessidade de cada espécie. “Em alguns há plantas e em outros não. Tudo depende da biologia do peixe, por exemplo, se vai ou não comer plantas, ou ainda da profundidade e luminosidade do aquário”, ressalta.
Curiosidades da Bacia do Rio São Francisco
Descoberto em 4 de outubro de 1501 pelo navegador europeu Américo Vespúcio, o rio São Francisco nasce no Parque Nacional da Serra da Canastra. Sua bacia drena seis estados brasileiros: Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, além do Distrito Federal. Em seu curso, o São Francisco percorre três biomas: Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Seus maiores afluentes são os rios Paraopeba, das Velhas, Paracatu, Urucuia, Corrente e Grande.
O “Velho Chico” possui a 3ª bacia hidrográfica do Brasil e a 1ª contida inteiramente em território brasileiro. Sua extensão é de 2,7 mil quilômetros e, em Minas Gerais, estão inseridos 36,8% dela.
A ictiofauna do rio São Francisco compreende cerca de 180 espécies de peixes de água doce. Deste total, 160 espécies são conhecidas, 158 já foram registradas e 18 delas encontram-se em extinção no estado mineiro. Cerca de 13% das espécies da bacia têm valor comercial para consumo humano, sendo que 80% dessas não conseguem se reproduzir em cativeiro nas condições normais, o que exige a indução artificial à desova.
O desmatamento, além de contribuir para as secas das nascentes e de seus afluentes, provoca a queda de barrancas, gerando acúmulo de terra no leito do rio, criando assim, ilhas de areia e dificultando a navegação. As barragens hidrelétricas produzem também forte impacto para toda a bacia.

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