terça-feira, 26 de abril de 2011

USANDO O GIRADOR

São muitos os itens que integram a tralha de um pescador amador. Porém, é desnecessário dizer que o girador, além de ser um item muito importante de nosso equipamento, merece um lugar de destaque.

Não há como precisar como precisar a data exata de quando o primeiro girador foi fabricado e usado em uma pescaria. Podemos apenas afirmar que ele é quase tão antigo quanto o anzol moderno, ou seja, o fabricado com aço.

É conhecido por muitos nomes, mas talvez o mais sugestivo e explicativo seja “destorcedor”. Seria essa, a princípio, a função principal do girador: evitar que a linha de pesca seja torcida. Daí, a criatividade do pescador começou a achar os mais diversos usos para esse pequeno apetrecho. Alguns chegam até mesmo, talvez por falta de informação ou por informação errada, a atribuir ao girador funções que, no mínimo, podem ser consideradas milagrosas. Exigir desse pequeno pedaço de metal o que dele exigem é um absurdo. Senão vejamos:

Alguns pescadores gostam de corricar usando como isca artificial a colher de metal. Ora, se o ato de corricar com a colher não for muito bem executado, a mesma dará voltas e mais voltas sobre sim, torcendo intensamente a linha.

Então passaram a fazer um líder de mais ou menos um metro e, a cada 20 cm colocavam um girador, pois segundo eles, com 5 ou 6 giradores a linha não seria torcida.

Podemos afirmar com certeza que esse método não funciona, pois, a despeito de qualquer número de giradores que estejam em sua frente, a colher de pesca, quando usada incorretamente torcerá a linha de qualquer maneira.

Quando corrica com uma colher, a principal preocupação do pescador deverá ser a velocidade do barco, que deve ser estabelecida de modo que o movimento do barco faça com que a colher dê apenas duas ou três voltas para cada lado. Quando isso ocorre, aí sim o girador (apenas um será suficiente neste caso) estará desempenhando sua função primitiva e elementar: evitar a torção da linha.

No caso de iscas artificiais, especialmente os plugs (pequenos peixes) com barbelas, mais uma vez somente um girador será necessário, que se sabe que a ação principal do plug é nadar, e nessa ação ele não executa voltas sobre si. Daí a pergunta: se isso é tão normal, para que então usar o girador? É o que vamos tentar explicar a seguir.

Comecemos pelo problema do molinete e da carretilha. Desde já, podemos afirmar que o fato de pescar com um ou outro não determina se um pescador é melhor ou pior. Porém, é indiscutível que o molinete tem maior probabilidade de provocar a torção da linha, já que, por sua própria estrutura, esse equipamento mantém a linha enrolada em torno de um eixo, torcendo-a. Com a carretilha isso não acontece, pois o enrolamento da linha ocorre num processo reto e linear, tipo manivela de poço. No molinete, a linha entra no carretel através da haste, a qual fica girando em torne deste. Tal função torce a linha continuadamente e neste caso o uso de girador é indispensável, senão para eliminar a torção totalmente, ao menos para torná-la um pouco menos intensa.

Existem ainda outras funções não menos importantes exercidas pelo girador. Vejamos.

Quando usamos qualquer tipo de isca, seja artificial ou natural, na pesca de peixes predadores que possuam dentes, usaremos sempre um empate de aço, sem exceções.

Fica então a pergunta: como amarrar a linha de nosso equipamento diretamente no aço do empate? Exatamente aí e que entra o girador, já que suas argolas, sendo de metal mais grosso e polido (o que não acontece com o arame do empate) tornam mais fácil e segura a amarração da linha.

Mas existem outros casos onde o girador é exigido, sendo que o principal deles envolve a pesca na modalidade de praia. Como se sabe, na pesca de praia ou mesmo de costão, é costume utilizar um empate, hoje em dia muito bem feito, onde são colocados dois anzóis, que por sua vez são amarrados em pedaços de linha chamados de “pernadas”, as quais são atadas nos “engates rápidos”. Na ponta final desse empate vai o chumbo, tendo à sua frente o girador, pois mais uma vez teremos muito mais segurança em amarrar a linha mestra nele ao invés de amarrá-la diretamente na linha do empate.

Existem diversos modelos de giradores. Alguns são triplos, desenvolvidos com a intenção de separar os anzóis para que estes não enrosquem entre si. Essa função é contestável, considerando que os engates rápidos já diminuem as chances desse tipo de enrosco acontecer.

Além deste, existem mais modelos de giradores, que podem ser diferenciados pelos formatos: há redondos, triangulares e até mesmo ovais. E, finalmente, existem também os giradores de esferas, que devem obrigatoriamente ser de boa procedência, caso contrário, correremos o risco de ver aparecer ferrugem nas esferas.

No mercado brasileiro temos dois fabricantes de giradores tradicionais que, a bem da verdade, são os melhores e mais simples de ser usados.

Desde 1947, a Paoli fabrica giradores e, mais recentemente, a Metalúrgica Gil também passou a fabricá-los. São peças feitas em latão, portanto não enferrujam, além de serem muito bem acabadas. Estão disponíveis em oito tamanhos, e estas são as resistências apresentadas nos testes:
GIRADOR RESISTÊNCIA
Modelo 1 10 kg
Modelo 2 15 kg
Modelo 3 35 kg
Modelo 4 50 kg
Modelo 5 65 kg
Modelo 6 85 kg
Modelo 7 92 kg
Modelo 8 98 kg



Baseado na tabela acima, o pescador poderá escolher a bitola do arame de aço ou da linha de nylon a ser usada. Esta escolha é fundamental, pois o uso de um girador de tamanho muito grande, poderá afetar o equilíbrio do conjunto que usarmos.

Aí está, portanto, tudo o que se pode dizer a respeito do tradicional girador de pesca.

fonte jcomolo.br

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