terça-feira, 2 de março de 2010

Cuidado com os peixes venenosos


Famoso pela produção de soro contra picada de cobras, aranhas e escorpiões, o Instituto Butantã, vinculado à Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, começa a explorar também o mundo aquático, para buscar uma maneira de neutralizar o veneno de peixes peçonhentos (aqueles que, além da glândula do veneno, têm um aparato inoculador, no caso, espinhos). Os estudos tiveram como ponto de partida oThalassophryne nattereri, um peixe comum nas regiões Norte e Nordeste do País, conhecido como niquim, ou peixe-sapo, que vive em águas salobras (encontro de mar com rio).




Hoje, as pesquisas também abrangem o bagre (animal marinho e de água doce) e o peixe-escorpião (marinho), presentes em quase todas as regiões do Brasil, e a arraia (marinho e de água doce), comum na região norte. A produção de um único soro para neutralizar o veneno de todos esses peixes é uma das possibilidades em verificação.
Os estudos sobre peixes peçonhentos colocam o Brasil entre os pioneiros no tema. Em todo o mundo, apenas a Austrália desenvolve soro para veneno de peixe. Lá, os acidentes causados pelo stone-fish (peixe-pedra), do mesmo gênero do peixe-escorpião, comum no Oceano Índico, são tratados com soro.
A previsão é que o soro leve cerca de um ano para começar a ser usado em clínicas. Isso porque ele depende da avaliação e da autorização de um comitê médico. E precisará de mais dois anos para se tornar um soro comercial.
De acordo com a bióloga Mônica Lopes Ferreira, que coordena os estudos sobre peixes peçonhentos no Butantã, embora os peixes sejam de espécies diferentes, o soro para o niquim também se mostrou eficiente contra os efeitos causados pelo Thalassophryne maculosa.
O niquim vive principalmente em águas salobras, comum em regiões onde há encontro de águas marítimas e fluviais. Tem aproximadamente 15 cm de comprimento, é mais largo na altura das nadadeiras peitorais, mais fino na parte de trás e não tem escamas, mas é coberto por muco. Costuma enterrar parte do corpo na areia, em águas rasas e é bastante resistente. Chega a ficar de 8 a 12 horas fora da água.
Por sua coloração acinzentada, é comum ser confundido com a areia. Possui dois espinhos na região dorsal e um em cada lateral, recobertos por uma glândula de veneno. Esses espinhos são vazados e, quando o peixe sofre pressão, como no momento em que é pisado por um pescador, a glândula desce e o veneno é liberado pelo espinho. “É como se ele aplicasse uma injeção”, diz Mônica.
A gravidade do ferimento varia de acordo com a quantidade de veneno liberada. Além de fortes dores, causa edemas, bolhas e até necroses no membro atingido.


Bagre é o peixe que mais causa acidentes
Segundo a pesquisadora, a maior incidência de acidentes com peixes peçonhentos no Brasil se dá com o bagre. Comestível e comum no Brasil, o bagre causa acidentes principalmente em pescadores. Os ferimentos, porém, são mais leves que os causados pelo niquim. Causam muita dor e edemas, mas não chegam a provocar necroses.
Já as arraias são bastante perigosas. Comuns tanto em águas pluviais quanto marinhas no Nordeste brasileiro, as arraias têm um ferrão na cauda capaz de provocar edemas, hemorragias e necroses. “Se não tivesse o veneno, a arraia já causaria ferimentos graves”, diz a pesquisadora.
Isso porque o animal, quando se sente ameaçado, usa a cauda, que é como um chicote, grande e serrilhado, causando cortes semelhantes aos de uma faca. “Esse quadro se agrava com a presença do veneno”, explica Mônica Lopes Ferreira.




Peixe-escorpião pode levar à morte
Considerado o pior dos peixes peçonhentos, o peixe-escorpião é capaz até de levar à morte. Isso porque além dos ferimentos locais, também pode causar efeitos sistêmicos, ou seja, afetar coração, pulmão e rins. A gravidade do acidente depende da quantidade de veneno inoculada.
Cada espinho libera grande quantidade de veneno, e os ferimentos com mais de três espinhos são considerados muito graves. Podem causar taquicardia, dispnéia (dificuldade de respiração), convulsões e morte.


fonte: /www.nippobrasil.com.br

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